BLOG EM CONSTRUÇÃO ...

03/08/14 - Aeroportos precisam decolar; Governos dizem que investimentos não se sobrepõem


Menos de 30 quilômetros separam o Aeroporto Federal de Lages do Aeroporto Regional de Correia Pinto. O primeiro, com capacidade para receber aviões de médio porte, promete ter linha regular de voo para São Paulo em 2015. No segundo, faltando as obras do acesso, ligação de energia e equipamentos, o início das operações é uma promessa.

Os dois vêm recebendo investimentos e incentivos dos Governos Municipal, Estadual e Federal. No aeroporto de Lages, com pista de 1.500 de extensão por 30 metros de largura, a aparelhagem permite pouso com teto baixo, de até 140 metros de altitude, que ganha adequações para poder receber o voo diário com o avião ATR-72, na empresa Azul. Ele tem capacidade de ampliação limitada.

Sua pista precisaria ser ampliada em 300 metros para pouso de aviões de maior porte, como um 727 ou um boeing. Em julho formam realizadas 160 operações, entre pousos e decolagem no local.

Já o aeroporto de Correia Pinto tem 1.800 por 30 metros de pista. Maior em tamanho de pista, ainda lhe faltam aparelhagens, hangares, acesso para poder operar e receber voos com aeronaves de grande porte. Porém, o aeroporto está preparado para ter ampliação de pista em mais 400 metros de comprimento e 15 de largura, o que permitiria que o aeroporto recebesse aviões de carga.

Investimentos

As autoridades negam que exista competição entre os dois aeroportos e afirmam que os investimentos em aeródromos tão próximos não são desperdício de dinheiro. O prefeito Elizeu Mattos destaca que Lages é uma cidade em crescimento que não se pode esperar que o aeroporto de Correia Pinto fique pronto para operar, para que se tenha voos comerciais. “O que investimos no aeroporto aqui não é jogado fora porque não é só um voo comercial. Nós vamos dar prioridade para os empresários também”, explica.

Para o diretor de transportes da Secretaria de Estado da Infraestrutura, José Carlos Müller Filho, seria falta de bom senso abandonar os investimentos em Lages por conta do aeroporto de Correia Pinto. “Lages é um polo atrativo de investimento de indústrias. O aeroporto de Lages é antigo, mas não se vai jogar fora a estrutura que tem. O bom senso vai te dizer isso, mesmo que não tenha futuro para crescer, mas tem futuro na aviação civil comum”.

Situação de cada um

Aeroporto de Lages
  • Pista: 1.500 por 30 metros
  • Capacidade: aviões de médio porte, como o ATR-72 utilizado para a Azul, com capacidade para 60 passageiros
  • Situação: em operação para aviação civil e executiva
  • Últimos investimentos recebidos: R$ 125 mil, com recursos do município, para adequação de áreas de embarque e desembarque de passageiros, banheiros, garagem para caminhão dos bombeiros e bombas de combustível
  • custo: R$ 1,4 milhão, com recursos do Governo do Estado, para recapeamento da pista, em 2011

 Aeroporto de Correia Pinto
  • Pista: 1.800 por 30 metros, com possibilidade de ampliação para 2.200 por 45 metros
  • Capacidade: aviões de grande porte
  • Situação: Inoperante. Pista e terminal de passageiros prontos. Falta conclusão do acesso, ligação elétrica, aquisição de equipamentos de segurança e controle aéreo e homologação
  • Início das operações: Indeterminado
  • Últimos investimentos: R$ 4 milhões para obras do acesso
  • Próximos investimentos: R$ 80 para ligação da rede elétrica e R$ 1,4 milhão para aquisição de equipamentos


Possibilidades de crescimento diferentes

Quando o projeto do aeroporto de Correia Pinto nasceu, as justificativas para o investimento, que hoje chega aos R$ 38 milhões, é a impossibilidade de ampliação do aeroporto de Lages, que fatores como um barracão industrial próximo à cabeceira da pista e o vento lateral impediriam que aviões maiores pousassem.

O diretor José Müller Filho destaca que o aeroporto de Correia Pinto foi projetado com a possibilidade de crescer, visando a operações até de aviões de carga, quando sua pista for ampliada em 400 metros de comprimento e 15 de largura. “As condições de Correia Pinto, em termos operacionais, vislumbram o futuro, o que para Lages não existe”, explica.

Para o aeroporto de Lages crescer, uma das soluções será demolir o barracão, coisa que está acertada e será realizada antes da chegada dos voos da Azul. A área permite a construção de mais 300 metros de pista.

O gerente do aeroporto de Lages e piloto Klaus Klinger destaca que o vento raramente atrapalha as operações. “No caso do ATR-72, que é o avião da Azul, o limite de vento para essa aeronave é de 40 km/h, que acontece pouquíssimas vezes aqui”, analisa.

Um dos pontos fortes de Lages é a capacidade de equipamentos. O aeroporto está equipamento com balizamento (luzes na pista) e tem sala de AIS (sala de controle de voo) completa, com profissional capacitado para orientar pilotos estrangeiros.

Concorrente

Estes pontos ainda são uma deficiência em Correia Pinto, que conta apenas com pista e terminal de passageiros. Segundo Müller, já se prevê a aquisição de equipamentos de segurança de voo, rádio, farol, balizamento de pista, estação meteorológica. “O contrato existe de mais R$ 1,4 milhão para isso”.

Müller prefere não estimar quanto tempo levará para que o aeroporto de Correia Pinto entre em operação. “Hoje, a preocupação é com as obras do acesso”. Após isso vem a aquisição dos equipamentos e, em seguida, a liberação junto à Anac. O prefeito de Correia Pinto, Vânio Forster, solicitou à Secretaria de Infraestrutura os R$ 80 mil necessários para a ligação da energia elétrica do aeroporto com a rede da Celesc.

Subsídio para voo regional

O Governo Federal autorizou que os aeroportos de Lages e Correia Pinto sejam incluídos no programa de incentivo à aviação regional. Isso garante subsídio nas passagens para voos de Lages a São Paulo, exigência da Azul.
“O que precisa é a Azul procurar a Anac e manifestar o seu interesse em voar aqui, porque isso desencadearia o processo do subsídio”, explicou o prefeito Elizeu Mattos. Os valores de possíveis investimentos para Lages não foram divulgados.

O programa também permite que os dois aeroportos recebam recursos federais para investimentos e melhorias. O prefeito de Correia Pinto, Vânio Forster, estima receber em torno de R$ 15 milhões para o aeroporto. Ele esteve em Brasília na semana passada, quando conversou com os técnicos do Dnit para conseguir a liberação das obras do acesso ao aeroporto.

Os técnicos do Dnit virão a Correia Pinto nesta semana. “Eles vindo a Correia Pinto vão ver como realmente a obra está acontecendo”, analisou. Com a inclusão do aeroporto Regional no programa, Forster aproveitou para solicitar recursos para a ampliação da pista.

Fonte: Correio Lageano - Foto:Joana Costa