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01/03/12 - Sistema Aeroviário de Santa Catarina

Investimentos Aplicados e a Aplicar 

01/03/12 - Aeroclube de Lages comemora 70 anos de história e pioneirismo

Aeroclube de Lages comemora 70 anos de história e pioneirismo

Há 70 anos, a história da aviação lageana começava. Um sonho se realizava para os amantes das aeronaves. Em 1° de março de 1942 era fundado o Aeroclube de Lages. Um dos primeiros em Santa Catarina.
  
O local não era o mesmo onde atualmente está instalado, no Aeroporto Antônio Correia Pinto Macedo. Na época, a pista, mesmo de chão batido, ficava na área onde está, hoje, a Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), o Aero New Club e os supermercados Alvorada e Maxi Atacado. Durante 30 anos, a área foi local de pousos e decolagens, onde atualmente centenas de carros trafegam.

Em 1972, o Aeroclube de Lages mudou de local, mas antes foi cenário de vários acontecimentos, como três acidentes e uma conquista. De acordo com registros, em 1960, acontecia o primeiro acidente. Para verificar se o avião, conhecido como “Paulistinha”, estava com o motor em perfeitas condições, após manutenção, o piloto e sócio, João José Suitter, precisou fazer um pouso de emergência, pois o motor havia paralisado.
  
Um ano depois, outra tragédia marcava a história. O hangar do Aeroclube foi totalmente consumido pelo fogo. Três aviões foram salvos. Documentos e registros se perderam em meio às chamas.

Em 1963, o clube de aviação conseguia uma conquista: formar pilotos. Apenas grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro realizavam isso. Cerca de 20 ppilotos eram formados todos os anos.
  
Três anos após, 1966, o paraquedista Luiz Fraga veio à falecer e um trágico acidente. Ele sobrevoava o campo de aviação com o piloto Suitter, quando pulou do monomotor e o paraquedas não abriu. Ele morreu instantaneamente.
  
Mesmo com a mudança do aeroporto e consequentemente do aeroclube, a estrutura às margens da BR-282 ainda não era adequada. Não existia hangares para guardar os aviões e nem terminal de passageiros. O primeiro hangar foi construído em 1973 com doações de empresas de grande nome, pois a cidade vivia a época do Ciclo da Madeira.

Em outubro de 1998, mais um problema para a diretoria. Um forte vendaval acabou arrancando todo o telhado do hangar do Aeroclube. O tempo foi passando, alguns funcionários foram saindo, outros entrando, até que, atualmente, apenas uma pessoa faz a instrução nos cursos de pilotagem. O clube não visa lucros e todo o dinheiro arrecadado é revertido para sua própria manutenção.

Aeroclube forma pilotos
  
A Escola de Formação de Pilotos do Aeroclube de Lages formou no ano passado 13 pilotos. Apenas um instrutor dá aulas. São duas etapas que compreendem a formação de piloto privado e comercial. Cada um tem cinco meses e três meses, respectivamente, de aula teórica. O custo é de R$ 1,8 mil.

O formado no curso de piloto privado, após 40 horas de voo com instrutor, poderá pilotar qualquer aeronave, sem poder trabalhar comercialmente. Já o curso de piloto comercial, autoriza a pilotagem de aviões para fins comerciais. Este último, deve passar pela primeira etapa inicialmente e ter um total de 150 horas de voo.

A hora do voo custa R$ 285,00. A cobrança é feita para a manutenção das aeronaves, o combustível e o pagamento do instrutor. Os voos são realizados com duas aeronaves, pertencentes à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O Aero Boero-96 e o Cap-4. Quem é sócio do Aeroclube recebe desconto na hora de voo de instrução. Atualmente são 35 sócios. Nova turma será formada dia 10 de março. As matrículas já estão abertas.

Curiosidade

Para comemorar a formatura de um aluno, a Escola de Formação de Pilotos do Aeroclube de Lages, costuma seguir um ritual de passagem. Após realizar o voo sozinho, considerado a primeira decolagem e primeiro pouso sem instrutor, o formado é submetido à um banho de óleo queimado de motor. O ato acontece dentro de um avião modelo, de tamanho pequeno. Depois, o formado corre atrás dos colegas para entrarem na brincadeira e se sujarem.

As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas por uma participação mais efetiva dos lageanos em atividades relacionadas à aviação. Dificilmente, olhava-se para o céu e não se via um avião sobrevoando a cidade.

O piloto e mecânico de avião, Victor Holtrup, 76 anos, relembra a época em que a sociedade participava vivamente dos eventos.

Para não ficar somente na lembrança das pessoas que frequentavam o Aeroclube na área onde atualmente é localizada a Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), em 1979, o então presidente do Aeroclube de Lages, Alaor Monteiro dos Santos, liberou a entrada gratuita para todos os sócios do Aero New Club, uma boate situada na Avenida Castelo Branco.
A inscrição custava mil cruzeiros na época, conta ele, só para as aulas teóricas. Depois de formado, o aluno ganhava um passaporte permanente para os eventos da casa noturna, conhecido popularmente como “jóia”.

Segundo Victor, as pessoas pilotavam mais nas décadas de 60 e 70. Aos sábado e domingos, todos se reuniam em grupos para praticar aviação como hobby. Não importava o quanto era gasto, pois a hora de voo custava em média 150 cruzeiros. Cerca de seis aviões eram disponibilizados.

Ele conta também, que as pessoas tinham mais paixão pela aviação, uma vocação que passava de pai para filho. E não porque era mais barato. A verdade, como conta Victor, é que tudo era muito caro e alguns dos maiores pilotos de Lages não ocupavam posições altas na sociedade.

Muitos deles, eram adolescentes que acompanhavam o serviço dos mecânicos, faziam o curso, tinham total dedicação em seus trabalhos para conseguir o dinheiro, e se formavam. Pessoas como Vilson Vidal Antunes, Ciro Antunes, Aldo Mainês, Luiz Pilotto e Cid José Ribeiro Filho (este último trabalha na empresa Gol Linhas Aéreas) foram alguns dos pilotos que deixaram suas marcas na história da aviação serrana.

O mecânico Victor Holtrup, é de Blumenau e o Aeroclube de Lages já tinha 20 anos quando se mudou e passou a fazer manutenção nos aviões. Ele passa a maior parte do tempo no hangar, que ele mesmo construiu.

AINEL - Nada muito diferente há entre os aviões das décadas de 60 e 70 para os de agora. Uma das pequenas mudanças, segundo o mecânico e piloto, Victor Holtrup, foi o painel que deixou de ter comandos manuais para sistemas digitais, assim como a leitura das informações por meio de mostradores manuais.

Reforma - A última reforma o hangar do Aeroclube de Lages, e atual sede da instituição, localizado no Aeroporto Federal Antônio Correia Pinto de Macedo, foi feita pelo atual presidente, Ronaldo Tadeu Alves, e por integrantes, que trabalham pela preservação da cultura da aviação em Lages e na Serra Catarinense.

Fonte: Correio Lageano - Fotos: Suzani Rovaris e Aeroclube