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16/01/13 - O paradoxo aéreo e a promessa de voos na Serra Catarinense

O paradoxo aéreo e a promessa de voos na Serra Catarinense

Lages é servida por três aeroportos e nenhum está em operação. Agora, a perspectiva é que os voos comecem no dia 4 março

Lages talvez seja a única cidade do Brasil, e talvez no mundo, que está localizada a uma distância máxima de 83 quilômetros três aeroportos. Lages seguramente é a única cidade do mundo que tem este privilégio e, ao mesmo tempo, o infortúnio de não ser servida por nenhum deles, pois um está à disposição, mas não tem voos regulares, outro, o de São Joaquim, não opera, e no terceiro, de Correia Pinto, a conclusão se arrasta.

A novidade em meio a este paradoxo é que, depois de seis anos sem voos comercias e de quatro promessas feitas somente no ano passado, o aeroporto de Lages deve ter sua linha aérea a partir do dia 4 de março. Mesmo com esta boa expectativa há um problema: empresários da região (que devem ser os principais usuários), querem viagens para São Paulo e a empresa NHT está se habilitando para oferecer voos para Florianópolis.

Depois de tantas datas anunciadas, desde o cancelamento dos voos em 2008, o aeroporto finalmente está com a estrutura pronta. Era o que faltava e impedia Lages de ser inclusa na rota aérea das empresas.

O administrador do aeroporto, Klaus Klinger, afirma que agora depende da Anac analisar a malha aérea e autorizar o voo que foi solicitado pela empresa. Ele acredita que se a passagem tiver um preço razoável haverá demanda.

Em 2008, a demanda foi baixa e os voos cancelados. “Era em torno de R$ 400,00 a ida e volta para a capital. Este valor é muito caro, não havia interesse”, avalia Klinger.
O diretor de planejamento da NHT, Jeffrey Kerr, acredita que a oferta de voo na cidade vai estimular demanda.

Kerr ainda não sabe informar o valor da passagem, mas afirma que toda tarifa é feita para cobrar o custo da operação. A rota do avião iniciará em Porto Alegre e passará por São Miguel do Oeste, Concórdia, Lages e Florianópolis. O caminho inverso também será oferecido. “Para São Paulo, acreditamos que os voos devam iniciar no final de março ou início de abril”, prevê.

Anac confirma pedido da empresa NHT

Através da assessoria de imprensa, a Anac confirma que a empresa NHT Linhas Aéreas, fez dois pedidos para possuir dentre a sua rota, a cidade de Lages. A aprovação da Anac depende do administrador aeroportuário (responsável pela infraestrutura disponível para receber o voo), do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), e da Aeronáutica (responsável pelo horário requerido no espaço aéreo).

Após a análise desses órgãos é que a Anac concede seu parecer final, que envolve a análise da documentação técnica e administrativa da empresa. O prazo vence no dia 3 de março. Sobre o valor das passagens, a Anac informa que vigora o regime de liberdade tarifária no transporte aéreo público doméstico e internacional de passageiros no Brasil.

Acil diz não saber oficialmente da linha aérea em Lages

O presidente da Associação Empresarial de Lages (Acil) Luiz Spuldaro, afirma que a instituição não foi informada sobre o início dos voos comerciais em Lages. “Primeiro temos que saber se está em condições de ter voo, sabemos que não tem um caminhão de bombeiros que precisa ficar lá”, diz.

Spuldaro acredita que os empresários não vão se interessar pelo voo para a capital. “Claro que é melhor do que nada, mas seria importante termos voo para São Paulo, pois é o que precisamos”, ressalta.

O tenente coronel do Corpo de Bombeiros Edson Tadeu Steinck, afirma que o aeroporto precisa ter uma estrutura com alojamento, cozinha e banheiros para os bombeiros ficarem no local. “Quando os voos realmente começarem, vamos exigir que construam essa estrutura. Enquanto isso, vamos para o aeroporto com o caminhão somente nos horários de saída e chegada dos voos. Mas temos três caminhões e nossa prioridade é atender as ocorrências”, salienta.

Aeroporto em Correia Pinto ficará pronto somente em novembro

Depois de treze anos de muitas datas e promessas, o Aeroporto Regional do Planalto Serrano, que será em Correia Pinto, deve iniciar os voos em novembro deste ano.
O terminal de passageiros está pronto, o acesso está sendo construído e o instrumento de controle de voo será instalado.

O acesso possui em torno de 1,5 Km, está na fase da terraplanagem, sendo que a drenagem foi concluída. Para iniciar as atividades, o aeroporto também precisa possuir a parte de segurança de voo, que engloba torre de comando, rádio e várias outras exigências.

A esteira de bagagem será instalada somente depois de o acesso ser concluído.
Diferente do aeroporto de Lages, o de Correia Pinto tem capacidade para receber aviões de grande porte. O executivo de gabinete do município, Amarildo Volpato, diz que isso possibilita a implantação de uma aduaneira da Receita Federal na cidade. “As empresas também poderão usar os aviões grandes para transportar cargas”, comenta.

São Joaquim projeta pista maior para aviões médios

No ano passado, os governos federal e estadual investiram no aeroporto de São Joaquim R$ 4,9 milhões. De acordo com a secretária de Desenvolvimento Regional, Solange Pagani, falta a licença ambiental e a contrução de um novo acesso para os moradores que antes usavam a pista do aeroporto para se locomover.

Ela informa que o lançamento do edital para fazer o terminal de passageiros será lançado só depois do aeroporto ser homologado. A pista de 1.380 metros será aumentada para 1.800, o que capacitaria o aeroporto a receber aeronaves de médio porte. Mas esta etapa, segundo Solange, ficará para outra fase da obra. Não há data programada para o início os voos.

Rio do Sul tem interesse na Serra

O aeroporto de Correia Pinto, além de facilitar a viagem de empresários serranos com voos diários e transporte de cargas, também beneficiará outras regiões. O presidente da Associação Empresarial de Rio do Sul, Ciro Ceretti, afirma que será mais uma alternativa para empresários do Alto Vale.

Hoje, eles usam o aeroporto de Navegantes e ficam sujeitos a tráfego intenso. “Quando tiver funcionando em Correia Pinto, apesar da quilometragem ser a mesma em relação ao aeroporto de Navegantes, o tráfego é bem menor”, esclarece.

O diretor industrial da Klabin em Otacílio Costa, Sadi Carlos de Oliveira, afirma que o aeroporto de Correia Pinto vai facilitar o deslocamento de empresários e fornecedores que prestam serviço à empresa. “Reduz a exposição na estrada e uma viagem a São Paulo demorará uma hora.”

Fonte: Correio Lageano - Foto: Susana Küster